segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Bússola

Achar meu Norte
Seguir a agulha imantada
Que anda desorientada
Apontando lugares aonde nunca fui

Achar minha rota
Não me desviar do caminho
Não encalhar ou enfrentar rodamoinhos
Contornar obstáculos

Estrela guia dos navegantes
Conduz meu barco
Guia meus passos
Não me afasta de mim

Clareia o céu
Iluminando a trilha
Como um farol
Por onde devo seguir

Agulha imantada
Aponta em meio as ondas
Aquela pela qual devo
Deixar-me levar

Não sou navegante
Sequer sei do mar
Ou de suas marés
Só minha pena é o que possuo

Ergo-a em direção ao horizonte
Ela sim é minha bússola
Só ela pode me trazer
De volta a terra a que pertenço
Só ela é minha guia
Enquanto essa cegueira permanecer.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Setembro

Imagem daqui

Setembro de ventanias
Vento leste
Vento sul
Terral
Tiram tudo do lugar
Varrendo
Expulsando rebentos
Rebentando
A terra
Em cores novas
Novas ideias
Levando o velho
Inovando
O antigo
Limpando as teias
E as almas

O vento sopra e bate portas
As janelas teimam em sacudir-se
Nos varais
As roupas dançam
Quase saindo a bailar
Dão-se as mãos
Os casacos e os vestidos
Num improvável pas de deux
Enquanto a sinfonia
Lufa e sopra

Venta, Setembro
Mês de por tudo
Em desordem
Para depois ordená-las
Mês de abalar
Sacolejar
Trocar
Dar lugar
Ventos de mudança
Assim é Setembro
Em minha Vida
Onde num ano longínquo
Nasci
Mudei
Troquei de pele
Mil vezes
Ouvi janelas e portas
Baterem
Continuamente
E é sempre em Setembro
Que assim como eu
A natureza renasce
Se refaz
Se reinventa
E se emprenha
Fazendo amor
Consigo mesma.

domingo, 4 de setembro de 2011

Madura

Esse é meu tempo de madurar
Não de ficar mais doce
mas sim de apurar sabores
Eis que entro em plena safra
frutada, sumarenta, perfumada
de mim mesma...........................................

domingo, 28 de agosto de 2011

Convite

Que tal bater um papo gostoso, regado a um bom café?
Convido meus leitores e amigos para essa conversa franca sobre a chegada à maturidade com suas dores, alegrias, casos engraçados e observações pessoais.
Vamos falar sobre sentimentos? Vamos expô-los e dividi-los?
Quem sabe assim, o fardo se torna menor?
A entrada é franca e o convite é extensivo também aos cavalheiros interessados em saber mais sobre esta fase "interessante" das mulheres.
Vai ser divertido passar umas horas conversando com vocês.
Convite feito, aguardo todos no Gut Café, na Av. Sete de Setembro, às 19 hs, Jardim Icaraí, dia 01/09, quinta feira.
Até lá!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Amor...



Definição do Amor - Lope de Vega

Desmaiar-se, atrever-se, estar furioso,
áspero, terno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, defunto, vivo,
leal, traidor, covarde, valoroso;

não ver, fora do bem, centro e repouso,
mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo,
enfadado, valente, fugitivo,
satisfeito, ofendido, receoso;

furtar o rosto ao claro desengano,
beber veneno qual licor suave,
esquecer o proveito, amar o dano;

acreditar que o céu no inferno cabe,
doar sua vida e alma a um desengano,
isto é amor, quem o provou bem sabe.


Fiquei encantada por este poema de Lope de Vega e achei que essa definição de amor cabe em muitos tipos de amar...




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sonhos

Gostava de sonhar de olhos abertos antes de dormir.
Todas as noites, ao se deitar, fechava os olhos e ficava pensando em coisas das quais gostava...pescava lembranças de quando era criança, da avó, de certas canções de ninar, de leite com chocolate, pedaços pequenos, quadradinhos que mal flutuavam e já se afundavam no líquido branco e denso, fumegando nas noites frias, tornando-o marrom e espesso...Ou do leite com canela, fervente, preparado pela mãe, quando estava resfriada...
Mal fechava os olhos, imaginava-se em lugares distantes. Países, castelos, jardins encantados, pássaros falantes a lhe indicar o caminho. Nos seus sonhos, tudo eram possibilidades, tudo era permitido...
Dormia e sonhava. E sonhava acordada.
Lembrava-se de quando tinha 10 anos e das coisas que mais gostava... Bisbilhotar as portas abertas da vizinhança. Ou de olhar pelas janelas quando passava em frente às casas à caminho da escola. Imaginava a vida lá dentro. Imaginava outras vidas. Imagens. Imaginação.
Hoje, sonhava com noites de autógrafo em livrarias renomadas. Fechava os olhos e se via, assinando, autografando, enquanto a fila, enorme, se estendia diante da mesa com livros ao fundo...E ela, lá, sentada, sorrindo feliz diante dos fãs, com seu livro nas mãos.
Sonhava com caminhos, com trilhas, com ruas onde pudesse caminhar sem medo...Uma cidade na Itália, uma ruela em Roma ou talvez uma ladeira em Sintra? Sentar em frente ao Tejo e olhar o horizonte, satisfeita por ter chegado até ali, por mérito próprio, graças ao seu talento, ao único talento verdadeiramente seu...a escrita...Sem dever nada a ninguém...
Fechou os olhos antes de dormir e sonhou com o possível...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Atravessemos...

Atravesso.
Parece perto...logo ali
Estico os braços
Abro as mãos
Quase toco.
Sigo.
Ainda não foi dessa vez...
A luz me aguarda
O sol me espera
Tento dirigir meu olhar
Ouso não olhar para trás
Nem desanimar com as nuvens escuras
Procuro a claridade
Procuro um sinal
Olho o reflexo de mim mesma
Na poça do chão
Continuo.
Ainda não foi
Mas em breve
Será...
Atravessemos...
*

terça-feira, 5 de julho de 2011

Redoma

Às vezes é preciso coragem pra sair
Outras vezes
é preciso mais coragem
 pra ficar
A redoma me protege
ou eu protejo a mim mesma?
A luz aqui de dentro
não me permite olhar estrelas
e, no entanto
elas me vêem
formiga iluminada
sentada ensimesmada
tentando alcançar o que
não vê.

Re doma
Me doma
me segura
me detém
Ou serei eu mesma
a senhora
dona do meu destino
a que não quer
ser dona de nada
e apenas
ser uma formiga
ensimesmada
a sonhar
enquanto vigia
o céu?
Vigília
Estrelas tomam conta de mim
E eu, cega
brinco de me esconder
de mim mesma
Re doma
Me doma
Mil vezes domada
e ainda assim
selvagem
louca
tentando ser eu mesma
mais uma
no firmamento
a brilhar...................

terça-feira, 21 de junho de 2011

Na Esquina do Tempo Ganha o Mundo!

Estou muito feliz e queria dividir com vocês! Meu livro está rodando o Brasil. Já foi vendido do Oiapoque ao Chuí e também vai ganhando o mundo!
Está no Japão, na Áustria, em Portugal, na Itália, na Alemanha, na França...Amigos que têm comprado e dado de presente, muita gente mesmo me dando um retorno muito bacana, dizendo que adorou, que leu e releu, presenteando amigas!
Em breve, sai o meu romance que está quase no final...Obrigada a todos que têm me ajudado na divulgação e no incentivo.
Grande beijo!

domingo, 5 de junho de 2011

Meus Cães, Anjos que me Guardam...

Chicão ou João Francisco

Chiquinha ou Maria Francisca

Cléo, a mãe dos dois

Meus três sheepdogs são as coisas mais lindas, companheiras e amorosas do mundo. Meus anjos, zelando e velando por mim...Aonde eu estou, eles estão. Se fico doente, não saem do meu lado. Se escrevo, ficam deitados, no chão do escritório, o dia todo.
No máximo, vão até à varanda ver as modas, latir para os outros cachorros ou para alguém que passe...
São meus amigos mais fiéis e leais. Me amam incondicionalmente...no dia em que os perder nem sei o que farei da minha vida.
Tem gente que não entende esse amor desmesurado de alguns humanos por seus cães. Só quem tem cães dentro de casa, entende esse amor de que falo.
Eu me divirto com eles, eles falam comigo e entendem tudo o que eu digo. Fazem-me companhia nessa minha vida solitária de escritora. E eu adoro essa solidão. Sinto falta dela, nos finais de semana, quando tem sempre gente entrando e saindo.
Eles me entendem mais do que qualquer ser humano, até mesmo meus filhos. Quando choro, se achegam para perto, quando estou muito triste, seu olhar fica triste também...são pára raios das minhas emoções...sabem tudo, sentem tudo...Captam perigos, sons, ameaças.
Eu os amo, como talvez ame bem poucas pessoas nessa vida. Pena que a vida dos cães é tão curta, deveriam durar tanto quanto seus donos, assim nem uns nem outros sofreriam quando chegasse a hora da perda.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Se Fernando Pessoa Pode...


Ando ouvindo e vendo cada coisa ultimamente que faria Fernando Pessoa e todos os seus heterônimos levantarem da tumba.
Em tempos de sinais trocados como esses que estamos vivendo, todo mundo resolveu que pode ser escritor.
Uma overdose de blogs, sites, editoras anãs, editoras caça níqueis pululam na internet. Quase se jogam no colo das pessoas, convidando-as a se lançarem como escritoras: "Publique seu livro" ou "Seja você também um escritor". Tenho visto enxurradas disto, todos os dias.
Outro dia uma conhecida me disse que também está escrevendo. Tudo bem, qualquer pessoa pode escrever o que quiser e fazer o que quiser com seus escritos. Mas ninguém pode dizer o que ela me disse:
- "Se a Martha Medeiros pode, eu também posso!"
Como é que é? Me deu vontade de perguntar. Mas, me contive e respondi:
- Não é bem assim, não é mesmo? Escrever requer outras coisas...
E ela:
-"Resolvi escrever depois que li um texto seu. Aí, resolvi escrever crônicas e contos sobre as coisas que acontecem comigo."
Uau! Tem gente sem noção nesse mundo, pensei. Não sei como ela escreve, de repente até escreve bem, não quero julgá-la antes de saber...Mas, o modo de pensar é que me surpreendeu. Achar que escrever é simples e qualquer um pode fazê-lo bem.
Andando pelos blogs tenho visto pessoas com visíveis pretensões literárias. Ok, vocês me dirão. Hoje em dia qualquer um pode ser publicado depois que surgiram as editoras que fazem sob demanda ou quando se paga para ser publicado. E, convenhamos, isto há aos montes. O problema é as pessoas acreditarem que são escritoras quando não são.
Fico triste quando vejo essas coisas. Tanta gente boa por aí, sem chance alguma porque não tem QI ou padrinho. Tanta gente que escreve bem demais e não consegue lançar um livrinho que seja ou porque não tem grana ou porque não sabe como chegar lá, ou seja pelo motivo que for. Falta de coragem, falta de perseverança, falta de oportunidade...
Enquanto isto, pencas de porcarias são lançadas pelo mercado editorial todas as semanas. E vendem.
Livros sobre adolescentes vampiros. Sobre adolescentes anjos. Livros de auto ajuda. Livros de apresentadores. Livros sobre religião. Outro dia eu soube que até uma ex BBB, burra feito uma anta ia lançar um livro. E vende.
Que país é esse? Eu me pergunto. 
E eu mesma respondo:
Um país onde o adequado ocupa o lugar do certo.
Ah! Se Fernando Pessoa pode...Putaquilamerda!

terça-feira, 24 de maio de 2011

O Sonho do Celta - Uma Opinião

Ganhei este livro de meu filho, a meu pedido, no Dia das Mães. Andava louca para ler alguma coisa do Vargas Llosa, algo que ainda não tinha feito.
Decepção.
O livro é um calhamaço de fatos históricos narrados sem paixão ou poesia.
Adoro romances históricos, mas este não me seduziu. Peguei-me muitas e muitas vezes com a imaginação voando para outros lugares e tinha que voltar atrás para ler: Sinal de que o livro não me prendeu.
A estória do irlandês Roger Casement é fascinante. Cônsul inglês na África e na Amazônia peruana e brasileiras, viu de perto as atrocidades que o colonialismo europeu cometeu nos países colonizados, dizimando populações indígenas e africanas, torturando, estuprando e matando em nome de uma suposta evangelização e aculturação dos povos considerados selvagens. Esta parte do livro é interessante, pois para quem não conhece ou nunca viu nada sobre o assunto pode ser esclarecedor ver a que preço os países europeus fizeram e mantiveram sua riqueza e exploraram as colônias sob seu tacão destruidor. Eu já sabia de algumas coisas a este respeito, então, para mim, pouco foi novidade, mas mesmo assim não deixou de ser interessante.
A meu ver, a parte aborrecida do livro, com nomes e datas em demasia, em detrimento de um olhar mais humano e poético sobre o personagem, é a luta de Roger Casement pela libertação da Irlanda. Motivo pelo qual, aliás, foi considerado traidor da Inglaterra por ter se aliado aos alemães e, por este motivo, condenado à morte por enforcamento.
Penso que de tudo se tira algum aprendizado e que nenhuma leitura é em vão.
Mas confesso que depois deste não me sinto atraída para ler mais nada de Vargas Llosa...posso estar enganada, mas me decepcionei com o Nobel de Literatura.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

I'M Sexy...

Engraçado como hoje em dia, com a chegada da maturidade, me sinto muito mais sexy do que quando jovem...
Estou mais cheinha, minhas curvas e seios se tornaram mais generosos e, no entanto, não me sinto feia ou insegura.
O passar dos anos dão uma noção da nossa própria sensualidade e poder de sedução.
Os homens da minha idade não olham para mim, mas os mais jovens, sim. Alguns torcem até o pescoço...Talvez por isso, hoje em dia, as mulheres mais maduras estejam se casando com homens mais jovens.
Meu corpo agora, é propriedade minha, sei do que gosto, como gosto e digo como quero...Aliás, isso nunca foi problema para mim, sempre me dei bem na cama com meu parceiro. Mas, agora, parece que as palavras não são mais necessárias, tudo se encaixa à perfeição.
Pena que a maioria dos homens maduros procurem mulheres jovens em busca da juventude perdida...eu nunca conseguiria me relacionar com um homem muito mais jovem, pelo menos, eu acho...
Deixo aqui, para vocês, um trecho do meu livro, Na Esquina do Tempo Nº 50, que fala sobre a sexualidade feminina na maturidade:


"Teve uma vida sexual plena e feliz durante o casamento. Ao entrar na menopausa, ficou até surpresa ao ouvir os relatos das amigas e de outras mulheres dizendo que não gostavam mais de sexo ou que sentiam desconforto. No primeiro ano não sentiu nenhuma diferença na sua libido. Continuava tudo normal, como antes. Era ativa sexualmente, gostava de sexo, de fazer amor. E ela e o marido se davam bem na cama. Anos e anos de casamento vão nos adaptando de tal maneira ao companheiro que o sexo, com o tempo, fica não só mais prazeroso como com mais qualidade.

A partir do segundo ano, de repente, tudo mudou. Os hormônios em ebulição deviam estar tão enlouquecidos, que a faziam pensar em sexo dia e noite.


Virou praticamente uma ninfomaníaca.Não havia nada que aplacasse seu desejo.O marido até estranhava: a mulher estava uma potência sexual!Parecia que tinha voltado à adolescência...Era um fogo, um calor, um desejo tão descabido que não cabia em si. Estava intensa. Ardente. Apaixonada. Era como uma volta no tempo, só que com uma maior consciência do seu corpo, do que gostava, do que era melhor.Um dia, assim como veio, passou. Voltou ao normal. Até ficou pesarosa...Estava tão bom..."
Altos e baixos, assim é a menopausa...dizem que depois dos primeiros anos, isso tudo passa...Espero que sim e que fique a melhor parte: O amor por nós mesmas e a sensação de que podemos ser sensuais, sim, até morrer.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu Me Prometo

Hoje, nesta noite chuvosa
Prometo a mim mesma
Me acarinhar mais
Não deixar de fazer
Pequenos agrados
À minha própria
Pessoa

Hoje, enquanto a chuva
Cai forte lá fora
E o friozinho outonal
Começa a dar os ares
De sua graça
Prometo a mim mesma
Que não deixarei mais
Que faltem flores
Nem que seja eu mesma
A dá-las à mim
E já que me faz tão bem
Vê-las, sentí-las, cheirá-las
Me darei esse prazer

Hoje, ouvindo as gotas que caem
Por detrás da janela onde estou
Penso que a vida é dura demais
E que pequenos gestos
Pequenos milagres
Como algumas rosas numa jarra
Uma caneca com margaridas
Livros à minha volta
Podem fazer toda a diferença
Num dia aparentemente comum

Prometo, a mim mesma
Jamais me esquecer de mim
Jamais deixar que a dor me solape
Me afogue, sufoque
Ou me faça afastar de quem sou
Prometo jamais desistir de meus sonhos
Jamais abrir mão do que amo
Das ínfimas coisas
Aparentemente sem importância
Mas que para mim
São fundamentais
Para que eu exista


Prometo a mim mesma
Me amar acima de tudo
Respeitar meu modo de ser
Me aceitar
Ainda que com meus tantos defeitos
E falhas
E idiossincrasias
Que falte pão em minha mesa
Pois não é mesmo dele
Que me alimento
Mas flores, jamais.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Segunda É Dia De Poesia - A Ladainha

"A cada dia
basta seu fardo"
dizia a mãe à sua filha
E seguia a filha
carregando às costas
o dobro de seu peso
e tamanho
como se o fardo
que carregasse
nada pesasse
perto da dor
de sua sina
perto da
melancólica
desalegria
que trazia
em sua alma
de menina

Viver é tão difícil
dizia a filha à mãe
E seguia a mãe
carregando
no ventre
mais um
minúsculo ser
quase semente
tão levezinho
como algodão
e sorria a mãe
mesmo sem dentes
nada é difícil
perto do amor
que cabe aqui
e afagava
o ventre bojudo
e dilatado
enquanto carregava
também seu fardo

E lá se iam
as duas mulheres
filha e mãe
e a sementinha
seguindo
a trilha
tal formiguinhas
dia após dia
repetindo
sem pensar
a ladainha
que a bisavó
cantara um dia
"A cada dia
basta seu fardo".

Foto daqui



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Coragem

" A coragem não é uma prova
de esforço. A coragem
é uma claridade vinda do inferno
ou do céu
A coragem que salva virá deste azul,
a que mata daquele inferno."   Gonçalo M Tavares - Uma Viagem à Índia 

Escrever, para mim, representa a escolha entre estas duas coragens, a que mata ou a que pode salvar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Segunda É Dia De Poesia - Fugas Possíveis

Fugir
Fugir de tudo
De todos
Deixar o que
não serve
para trás
A insanidade
A mediocridade
A banalidade
dos dias iguais
Fugir das regras
Da obviedade
Da burrice
Da incompreensão
Da mesmice

Queria
Poder fugir
sem olhar
para o que
ficou
olhar só
para a frente
enxergar
o que virá
Falta tão pouco
e eu aqui
a postergar
a abafar
a deixar morrer
o que resta de mim

Cadê coragem?
Fujo
como me é possível
através das palavras
que me levam
onde não posso ir
por elas
vou
aonde não posso estar
A única fuga possível
Fujo
para dentro
de mim mesma
Antes que
a impossibilidade
me sufoque
para sempre.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Menina Sem Asas



A menina sem asas
morava
numa casa
Morava numa casa
amarelinha
E portão azul a casa tinha
Duas janelas
ficavam de frente
duas
na parte de trás
A casa era amarela
e a menina era rosa
como todas as meninas
com asas ou sem elas
aliás

Havia uma mangueira frondosa
na frente da casa amarela
da casa onde a menina rosa
morava
E por ser mangueira
mangas dava
Não peras ou ameixas
mas mangas
amarelo-alaranjadas
suculentas
lacrimosas
pingando mel
em quem debaixo
dela passava

E por não ter asas
a menina
voava
como podia
abria livros de estória
"Mundo da Criança"
se chamava
a coleção vermelha
capa dura
lindas figuras
que a menina rosa
deslumbrada
folheava

Quem passasse em frente
à casa
jamais saberia
que ali morava
uma menina rosa
que asas não tinha
mas possuía
o imaginar
de cada página
soberana
todinha
e mesmo sentada
em sua caminha
senhora de si
coroada de estrelinhas
ela sabia
a menina rosa
sabia
que de seu mundo
era rainha
e em sua casa
e entre seus livros
alada era
e asas  tinha.

Aquarela de João Barcelos

Dedico esta poesia a minha amiga Carminha do blog Fractais de Calu e à nossa paixão em comum na infância, e também à nossa infância que nos deu asas imaginárias.
Beijos Calu!


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Segunda É Dia De Poesia - Eu Não Sou Pra Qualquer Um

Eu não sou pra qualquer um...
Não ando dando feito
maria sem vergonha
Sou difícil
Cara
Meu gosto é refinado
Gosto
de perfumes importados
Só uso
artigos de luxo
sinceridade
por exemplo

Eu não sou pra qualquer um
Há quem pense que
me conquista
com um simples afago
ou um pestanejar sedutor
Não, a coisa comigo
é mais embaixo
ou mais em cima
como preferir
na ocasião

Gosto de músculos
cerebrais
Gente sem QI
ou QI sem gente
não me interessam
Sou pra poucos
muito poucos
só uma seleta
clientela
Sou exclusiva
e que paguem por isso

Não sou fácil
e se notar que conquistei
já enjoo
jogo fora
no lixo
das coisas vãs
Quem pensar que sou
boazinha
ledo engano
Sou má
bem mazinha
com quem me faz
de boba
ou pensa que me fez
Lixo
lixo já
com elas

E quem pensa que me entende
e tenta me comprar
só compra se eu deixar
ou quiser
Faço besteiras
faço asneiras
mas arco com
as consequências
E, afinal,
sou turbilhão
sou intensa
sou vulcão
e não é à toa
Quem quiser se queimar
que venha
e encoste o dedo
Pode sair chamuscado
ou levemente ardido

Eu convido
eu rechaço
basta pisar na bola
que sai do meu caderninho
da minha agenda de clientes
afinal
sou puta
mas quem comanda
meu gozo
sou eu

sábado, 23 de abril de 2011

Oração Aos Deuses Da Escrita

São Fernando Pessoa, livrai-me de todo mal!
Livrai-me da arrogância, das palavras dúbias, do mau português.
Livrai-me da ignorância, da mediocridade, das palavras vãs.
Livrai-me, ó poetas e escritores, da frase mal feita, dos sinônimos mal empregados, das palavras repetidas.
Livrai-me, meus deuses, da boçalidade, do rés do chão, da literatura rasa.
Lançai-me aos vôos altos, ao sonhos, aos céus dos escritores pelo menos, medianos.
Fazei-me enxergar o mundo com olhos perscrutadores. Que as perguntas nunca se calem.
Que as ideias sempre surjam.
Que minha loucura seja a mesma que as vossas.
Que eu sempre tenha pronta a palavra certa, a vírgula oportuna, o ponto final conclusivo.
Valei-me, meus santos escritores! Valei-me nos momentos de dúvida, de questionamento, de desilusão.
Não me deixai desistir da luta, por mais dura e inglória, por mais doída e incerta.
Dai-me um pouco, um ínfimo que seja, do cintilar de vossa sabedoria.
Abençoai-me, hoje, sempre, eternamente com a clareza de pensamentos.
Que eu seja louca, mas minha vida, sã.
Que eu veja moinhos de vento e escreva sobre eles.
Que minha cabeça viva sempre entre nuvens, mas que meus pés nunca abandonem o chão onde piso, tanto faz se aqui ou na Itália, ou quem sabe, no meu outro país ancestral.
Que meu solo sagrado seja o das páginas em branco, sempre a esperar pela minha letra, pela caligrafia incerta e insana, pelo dedilhar de meus dedos tresloucados.
Que eu cumpra meu destino.
Que eu seja abençoada em meu caminho.
Por vós, todos.
E que assim seja.
Amém!
Minha homenagem a todos os escritores que li em minha vida e me fizeram ser quem sou.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Grande Erro.


A humanidade é uma experiência frustrada da natureza.
Deu tudo errado.
Por causa do homem o planeta está se auto destruindo.
Por causa do homem, sempre houve matanças, genocídios, guerras, atrocidades, barbarismos.
Onde há presença humana há desolação, destruição, poluição, superpopulação.
O homem caça, mata, persegue, usa. Seja por comida, por prazer, por divergências de ideias ou religiões.
O homem sequer respeita o que outro homem pensa.
Se não houvesse humanidade não haveria maldade, ódio, falsidade.
Apenas a ordem natural das coisas seguiria seu rumo. A seleção das espécies se faria naturalmente.
Os cataclismas, terremotos, tsunamis aconteceriam como acontecem há milênios.
E o planeta se transformaria, se renovaria e sobreviveria, sem consequências.
O homem compartimentou-se a si mesmo em castas, raças, culturas, etnias, línguas.
Criou a noção de inferioridade, de superioridade, de pobreza e riqueza.
Criou o preconceito, os estigmas, as loucuras, as insanidades.
Um mundo sem os seres humanos seria um mundo melhor.
A natureza falhou nesse experimento.
Cometeu seu único erro. Erro crasso. Erro fatal.
Uma falha tão grave que além de todo mal que causa, ainda se prolifera e se multiplica sozinha.
Inoculando-se um vírus letal.
Ao criar o homem, a natureza perdeu o controle sobre si mesma.

sábado, 16 de abril de 2011

Noite de Autógrafos: Na Esquina do Tempo Nº 50

Autografando e conversando com a Betita ao lado.

Feliz da vida...


Com minha sobrinha querida.

Com a amiga Sílvia.

She, amiga blogueira.

Noite inesquecível... Macá, Bia, Jussara...

Fila de fãs...rsrs

Orquídeas lindas que ganhei da amiga Cida

Depois mostro mais...