segunda-feira, 28 de março de 2011

Segunda É Dia De Poesia - Amor Agarradinho

Amor Agarradinho

Plantei no meu jardim
mudas de jasmim
mas
quando dei por mim
nem tinha
cheiro
o jasmineiro
Notei enfim
que o amor agarradinho
não agarra
nem um tiquinho
que a unha de gato
não arranha
não tem unha
e nem é de gato
só serve de morada
para o carrapato
Vi, sem graça
que a mangueira
dá umas  mangas
cheias de fiapos
Que a roseira
as formigas comem
E a jabuticabeira
mal dá
meia dúzia
de flores sem pólen
e quando

frutos mirrados
os pássaros roem.
Não há adubo
esterco
farinha de ossos
que faça nascer
ou brotar
beleza
onde
há tanta tristeza.
Meu jardim
anda assim
feinho e sombrio
a precisar de cuidados
pra que rebrote
com força
cheia de amor agarrados...

terça-feira, 22 de março de 2011

Escrever

Escrevo o que quero
ou o que querem que eu escreva?
Escrevo o que sinto
ou o que desejam ouvir?
Me auto censuro
ou simplesmente deixo vir?
Ao deixar
que a alma saia
nem sempre evitamos
a lama
os respingos
as armadilhas
as asas presas na teia
a antropofágica aranha
a nos comer as entranhas
a nos devorar
as vísceras
a nos expor nas vitrines
trôpegas
almas insones
O poeta não pode
pensar que o que escreve
será visto assim
interpretado assado
será coagido
ou cassado
será endeusado
emoldurado
Poetas escrevem
e é só
escrevem para si mesmos
para que a sua
cabeça
não dê um nó
escrevem para entender
a vida que não vivem
escrevem para
se entender
a eles próprios
pobres coitados
aturdidos
malditos
solitários poetas
à procura
de si mesmos.

domingo, 20 de março de 2011

Segunda É Dia de Poesia - Jardim Botânico


Jardim Botânico

Fecho os olhos
E ouço o boiar
das vitórias régias
ziguezagueando no lago
Enormes
redondas
Flores brotam
imensas
brancas
em meio ao verde
das folhas grossas
Zumbem abelhas
pequenos mosquitos
batem asas
borboletas
vem bisbilhotar
suas pétalas
Sinto a Vida
pulsando
nas artérias
das enormes
plantas
Sinto a Vida
pulsando
em minhas veias
Transfusão de calma
em meio ao caos
No lago das vitórias régias
rainhas
magnânimas
senhoras da Paz...
incumbem-me
transmitem-me
a tarefa
de sair pela cidade
a espalhar sua Luz.

Foto Gloria Leão


segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia Da Poesia - Blogagem Coletiva


Poesia

Poesia é a arte
de transformar
o belo em palavras
sentimentos em letras
unindo alfabetos
em torno
de uma imagem
que o poeta imagina
e transfere ao papel

O mundo precisa deles
dos poetas
dos loucos
dos que vêem poesia
no que não há

O mundo precisa deles
para trazer
a beleza
das coisas simples
travestidas de filós e rendas
tornando coisas banais
em nuvens de organdi


O olhar do poeta
nos faz olhar
para dentro
nos faz ver
o que não víamos
transmuta
transcende
transforma
transgride

Sem poesia
O que seria da vida?
Sem o apurar
das palavras
o que seria da língua?

Um poeta não precisa
fazer mais nada
Só poetar
Essa é sua
missão
sina
mensagem
tarefa

Mudar o mundo
através da beleza
que só eles vêem
e são capazes de mostrar
ao resto dos mortais...

Sentir
isso é o que a poesia nos ensina
e muito poucos
aprendem...


Esculturas de papel de Su Blackwell

sexta-feira, 11 de março de 2011

Dia Da Poesia

Poetry coffee


Oi pessoal, eu e a Lu, do blog Lichia Doce estamos convocando quem quiser a participar de uma coletiva, na segunda agora, dia 14 de março.
O tem será o Dia da Poesia que é comemorado nessa data.
Criem, transcrevam poesias que gostem, façam seus próprios poemas, enfim, cada um faz o que quiser, ok?
É só avisar à gente que vai participar e pronto.
Beijos, até segunda!

domingo, 6 de março de 2011

Destino

Sigo
Sozinha
Brumas escondem a paisagem
Não pertenço a este mundo
Meu mundo é outro
Sem máscaras
Onde posso ser apenas
Eu
Em minha essência
Onde não precise dar explicações
Ou implorar que me entendam

O lago
Ondula
Por sob o barco
Do meu destino
Aonde me levará
Não me interessa
Só peço
Que me leve
Que me leve
Que me leve....

Falo uma língua
Ininteligível
Sinto na pele
O que ninguém sente
Ou ousa sentir
Um ser de outro mundo
Habitando um planeta
A que não pertenço

Olho em frente
Sem um único olhar ao passado
Sou um parêntese
Nessa vida
Quero a minha
Quero a minha
E o que é meu...

Palavras?
De que adiantam as palavras?
Se meu ser
Explode a cada manhã
Sem que se dêem conta disso?
Sem que entendam
O que digo?
Meu barco segue
E já que eu não tenho forças
Nem coragem
Que as águas movimentem-se
Que a maré suba
Que o destino impulsione
E
Que o vento
Me leve....

sexta-feira, 4 de março de 2011

Amor e Dor

Amor e Dor

O amor não ocupa espaço.
Pode-se amar mil pessoas que sempre caberá mais amor e mais amar. Ele purifica, transcende e perfuma o ar em volta de nós...
Já a dor, essa, por minúscula que seja, parece uma farpa a nos pinicar a alma. Ocupa tanto território que extrapola a nós mesmos, bate nas paredes e vai contaminando tudo à sua volta, inflamando, invadindo.
A dor, silenciosamente, como um tumor maligno, causa metástase na alma...

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Porta Mágica

Entraria por essa porta mágica
Como quem abre os olhos ao mundo
Pela primeira vez...
Escolheria entre todos
O de capa mais bela
Capas sempre me seduziram...
E os iria lendo
Ao longo da vida
Um a um
Até o fim dos meus dias...
Neste território
Eu seria rainha
Sem súditos
Sem cortesãos
Só eu e eles
Razão da minha existência
Da minha compreensão da vida
Motivo
Pergunta e resposta
Ao que não sei...
E sairia por ela
Quando a vida em mim
Se extinguisse
Sem olhar para trás
Para que eles não vissem
As lágrimas que verteria
Pelos que não li...