sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Menina Sem Asas



A menina sem asas
morava
numa casa
Morava numa casa
amarelinha
E portão azul a casa tinha
Duas janelas
ficavam de frente
duas
na parte de trás
A casa era amarela
e a menina era rosa
como todas as meninas
com asas ou sem elas
aliás

Havia uma mangueira frondosa
na frente da casa amarela
da casa onde a menina rosa
morava
E por ser mangueira
mangas dava
Não peras ou ameixas
mas mangas
amarelo-alaranjadas
suculentas
lacrimosas
pingando mel
em quem debaixo
dela passava

E por não ter asas
a menina
voava
como podia
abria livros de estória
"Mundo da Criança"
se chamava
a coleção vermelha
capa dura
lindas figuras
que a menina rosa
deslumbrada
folheava

Quem passasse em frente
à casa
jamais saberia
que ali morava
uma menina rosa
que asas não tinha
mas possuía
o imaginar
de cada página
soberana
todinha
e mesmo sentada
em sua caminha
senhora de si
coroada de estrelinhas
ela sabia
a menina rosa
sabia
que de seu mundo
era rainha
e em sua casa
e entre seus livros
alada era
e asas  tinha.

Aquarela de João Barcelos

Dedico esta poesia a minha amiga Carminha do blog Fractais de Calu e à nossa paixão em comum na infância, e também à nossa infância que nos deu asas imaginárias.
Beijos Calu!


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Segunda É Dia De Poesia - Eu Não Sou Pra Qualquer Um

Eu não sou pra qualquer um...
Não ando dando feito
maria sem vergonha
Sou difícil
Cara
Meu gosto é refinado
Gosto
de perfumes importados
Só uso
artigos de luxo
sinceridade
por exemplo

Eu não sou pra qualquer um
Há quem pense que
me conquista
com um simples afago
ou um pestanejar sedutor
Não, a coisa comigo
é mais embaixo
ou mais em cima
como preferir
na ocasião

Gosto de músculos
cerebrais
Gente sem QI
ou QI sem gente
não me interessam
Sou pra poucos
muito poucos
só uma seleta
clientela
Sou exclusiva
e que paguem por isso

Não sou fácil
e se notar que conquistei
já enjoo
jogo fora
no lixo
das coisas vãs
Quem pensar que sou
boazinha
ledo engano
Sou má
bem mazinha
com quem me faz
de boba
ou pensa que me fez
Lixo
lixo já
com elas

E quem pensa que me entende
e tenta me comprar
só compra se eu deixar
ou quiser
Faço besteiras
faço asneiras
mas arco com
as consequências
E, afinal,
sou turbilhão
sou intensa
sou vulcão
e não é à toa
Quem quiser se queimar
que venha
e encoste o dedo
Pode sair chamuscado
ou levemente ardido

Eu convido
eu rechaço
basta pisar na bola
que sai do meu caderninho
da minha agenda de clientes
afinal
sou puta
mas quem comanda
meu gozo
sou eu

sábado, 23 de abril de 2011

Oração Aos Deuses Da Escrita

São Fernando Pessoa, livrai-me de todo mal!
Livrai-me da arrogância, das palavras dúbias, do mau português.
Livrai-me da ignorância, da mediocridade, das palavras vãs.
Livrai-me, ó poetas e escritores, da frase mal feita, dos sinônimos mal empregados, das palavras repetidas.
Livrai-me, meus deuses, da boçalidade, do rés do chão, da literatura rasa.
Lançai-me aos vôos altos, ao sonhos, aos céus dos escritores pelo menos, medianos.
Fazei-me enxergar o mundo com olhos perscrutadores. Que as perguntas nunca se calem.
Que as ideias sempre surjam.
Que minha loucura seja a mesma que as vossas.
Que eu sempre tenha pronta a palavra certa, a vírgula oportuna, o ponto final conclusivo.
Valei-me, meus santos escritores! Valei-me nos momentos de dúvida, de questionamento, de desilusão.
Não me deixai desistir da luta, por mais dura e inglória, por mais doída e incerta.
Dai-me um pouco, um ínfimo que seja, do cintilar de vossa sabedoria.
Abençoai-me, hoje, sempre, eternamente com a clareza de pensamentos.
Que eu seja louca, mas minha vida, sã.
Que eu veja moinhos de vento e escreva sobre eles.
Que minha cabeça viva sempre entre nuvens, mas que meus pés nunca abandonem o chão onde piso, tanto faz se aqui ou na Itália, ou quem sabe, no meu outro país ancestral.
Que meu solo sagrado seja o das páginas em branco, sempre a esperar pela minha letra, pela caligrafia incerta e insana, pelo dedilhar de meus dedos tresloucados.
Que eu cumpra meu destino.
Que eu seja abençoada em meu caminho.
Por vós, todos.
E que assim seja.
Amém!
Minha homenagem a todos os escritores que li em minha vida e me fizeram ser quem sou.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Grande Erro.


A humanidade é uma experiência frustrada da natureza.
Deu tudo errado.
Por causa do homem o planeta está se auto destruindo.
Por causa do homem, sempre houve matanças, genocídios, guerras, atrocidades, barbarismos.
Onde há presença humana há desolação, destruição, poluição, superpopulação.
O homem caça, mata, persegue, usa. Seja por comida, por prazer, por divergências de ideias ou religiões.
O homem sequer respeita o que outro homem pensa.
Se não houvesse humanidade não haveria maldade, ódio, falsidade.
Apenas a ordem natural das coisas seguiria seu rumo. A seleção das espécies se faria naturalmente.
Os cataclismas, terremotos, tsunamis aconteceriam como acontecem há milênios.
E o planeta se transformaria, se renovaria e sobreviveria, sem consequências.
O homem compartimentou-se a si mesmo em castas, raças, culturas, etnias, línguas.
Criou a noção de inferioridade, de superioridade, de pobreza e riqueza.
Criou o preconceito, os estigmas, as loucuras, as insanidades.
Um mundo sem os seres humanos seria um mundo melhor.
A natureza falhou nesse experimento.
Cometeu seu único erro. Erro crasso. Erro fatal.
Uma falha tão grave que além de todo mal que causa, ainda se prolifera e se multiplica sozinha.
Inoculando-se um vírus letal.
Ao criar o homem, a natureza perdeu o controle sobre si mesma.

sábado, 16 de abril de 2011

Noite de Autógrafos: Na Esquina do Tempo Nº 50

Autografando e conversando com a Betita ao lado.

Feliz da vida...


Com minha sobrinha querida.

Com a amiga Sílvia.

She, amiga blogueira.

Noite inesquecível... Macá, Bia, Jussara...

Fila de fãs...rsrs

Orquídeas lindas que ganhei da amiga Cida

Depois mostro mais...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Na Esquina do Tempo Nº 50: À Venda

Oi pessoal, a Editora Multifoco acabou de me avisar que o link para a compra do meu livro já está disponível.
Quem quiser adquirir Na Esquina do Tempo Nº 50, é só clicar aqui.
Espero que gostem. Qualquer problema, é só me avisar, ok?
Beijos e bom final de semana!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lançamento: Na Esquina do Tempo Nº 50, Meu Livro!

Convido a todos para o lançamento do meu livro: Na Esquina do Tempo Nº 50.


Este livro é um pequeno relato de todas as mulheres que cabem em mim, em todas nós.Todas elas sempre conviveram dentro de nosso corpo e de nossa alma, mas só agora, na maturidade, deixamos que aflorem, cada uma com sua força, seus defeitos, seus ensinamentos, suas chatices. Somos todas, partes da mesma natureza feminina, um mundo de hormônios a fervilhar a vida toda, que de repente, param e nos deixam sós conosco mesmas. Mas a ausência deles não nos esvazia, pelo contrário, nos faz enxergar, ou pelo menos deveríamos, como somos belas, plenas e elaboradas.
Nenhuma mulher passa incólume por esse limiar: cabe a cada uma tirar o melhor de si mesma, aprendendo os modos de (se) usar a menopausa e a maturidade.


O livro estará à venda no site da Editora Multifoco.
Espero todos no lançamento.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Segunda É Dia De Poesia - Desejo Flores

Desejo Flores

Gosto de flores às segundas
E também às terças
pensando bem
todos os dias
eu desejo flores

Mas flores são raras
além de caras
não são pra qualquer dia
vagabundo
dia sem razão
Isso é o que diz
o silêncio
das coisas
implícitas
no viver

Porque não?
Pergunto eu
na minha revoltada
inquietude
de não aceitar
o esperado
o combinado
o tácito

Quero flores
todo dia
Não só nos aniversários
ou nas datas
especiais
Quero flores às segundas
aos domingos
e também às quartas

Quero flores
enquanto estou viva
e posso vê-las
e tê-las
e cheirá-las
Quero flores
para poder apreciá-las
e me sentir amada
e ser especial
mesmo sem ser

Por isso começo
a campanha:
Flores Todos os Dias
Pois assim como a poesia
não tem hora
nem tem dia
Flor
quando menos se espera
faz entrar a primavera
no mais tórrido verão

Quero flores
perfumes
cores
hoje
amanhã
depois
Não se deve deixar
nunca
de desejar
receber flores
ainda que não se as receba
jamais

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Meu Livro Nasceu!

Meu livro nasceu num dia de tempestade. Chovia como há muito tempo não via chover aqui. Portas batiam, a chuva açoitava as janelas, os vidros. Os trovões clareavam a noite e eu, sozinha em casa, chorava e escrevia, como que tomada por uma verdade avassaladora que precisava sair de mim em torrentes de palavras.
Como por encanto a luz não se acabou. E aqui, por qualquer ventinho a luz acaba...Mas não naquele dia, por incrível que pareça.
No meio do temporal, nasceu meu livro Na Esquina do Tempo Nº 50 - Menopausa: Modos de (se) Usar.
Lavado pela tempestade, limpo, vibrante, com toda energia de que a natureza é capaz.
Espero que esse seja um novo ciclo em minha vida e que a chegada desse filho tão sonhado, amado e aguardado possa trazer com ele, finalmente, a realização de todos os meus sonhos.
A noite de autógrafos será no dia 14 de abril, quinta feira, às 19 hs, na Editora Multifoco- Lapa, Rio de Janeiro, Brasil.
Estão todos convidados.
Conto com vocês, amigos e amigas. Se puderem ajudem a divulgar.
Beijos,