terça-feira, 24 de maio de 2011

O Sonho do Celta - Uma Opinião

Ganhei este livro de meu filho, a meu pedido, no Dia das Mães. Andava louca para ler alguma coisa do Vargas Llosa, algo que ainda não tinha feito.
Decepção.
O livro é um calhamaço de fatos históricos narrados sem paixão ou poesia.
Adoro romances históricos, mas este não me seduziu. Peguei-me muitas e muitas vezes com a imaginação voando para outros lugares e tinha que voltar atrás para ler: Sinal de que o livro não me prendeu.
A estória do irlandês Roger Casement é fascinante. Cônsul inglês na África e na Amazônia peruana e brasileiras, viu de perto as atrocidades que o colonialismo europeu cometeu nos países colonizados, dizimando populações indígenas e africanas, torturando, estuprando e matando em nome de uma suposta evangelização e aculturação dos povos considerados selvagens. Esta parte do livro é interessante, pois para quem não conhece ou nunca viu nada sobre o assunto pode ser esclarecedor ver a que preço os países europeus fizeram e mantiveram sua riqueza e exploraram as colônias sob seu tacão destruidor. Eu já sabia de algumas coisas a este respeito, então, para mim, pouco foi novidade, mas mesmo assim não deixou de ser interessante.
A meu ver, a parte aborrecida do livro, com nomes e datas em demasia, em detrimento de um olhar mais humano e poético sobre o personagem, é a luta de Roger Casement pela libertação da Irlanda. Motivo pelo qual, aliás, foi considerado traidor da Inglaterra por ter se aliado aos alemães e, por este motivo, condenado à morte por enforcamento.
Penso que de tudo se tira algum aprendizado e que nenhuma leitura é em vão.
Mas confesso que depois deste não me sinto atraída para ler mais nada de Vargas Llosa...posso estar enganada, mas me decepcionei com o Nobel de Literatura.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

I'M Sexy...

Engraçado como hoje em dia, com a chegada da maturidade, me sinto muito mais sexy do que quando jovem...
Estou mais cheinha, minhas curvas e seios se tornaram mais generosos e, no entanto, não me sinto feia ou insegura.
O passar dos anos dão uma noção da nossa própria sensualidade e poder de sedução.
Os homens da minha idade não olham para mim, mas os mais jovens, sim. Alguns torcem até o pescoço...Talvez por isso, hoje em dia, as mulheres mais maduras estejam se casando com homens mais jovens.
Meu corpo agora, é propriedade minha, sei do que gosto, como gosto e digo como quero...Aliás, isso nunca foi problema para mim, sempre me dei bem na cama com meu parceiro. Mas, agora, parece que as palavras não são mais necessárias, tudo se encaixa à perfeição.
Pena que a maioria dos homens maduros procurem mulheres jovens em busca da juventude perdida...eu nunca conseguiria me relacionar com um homem muito mais jovem, pelo menos, eu acho...
Deixo aqui, para vocês, um trecho do meu livro, Na Esquina do Tempo Nº 50, que fala sobre a sexualidade feminina na maturidade:


"Teve uma vida sexual plena e feliz durante o casamento. Ao entrar na menopausa, ficou até surpresa ao ouvir os relatos das amigas e de outras mulheres dizendo que não gostavam mais de sexo ou que sentiam desconforto. No primeiro ano não sentiu nenhuma diferença na sua libido. Continuava tudo normal, como antes. Era ativa sexualmente, gostava de sexo, de fazer amor. E ela e o marido se davam bem na cama. Anos e anos de casamento vão nos adaptando de tal maneira ao companheiro que o sexo, com o tempo, fica não só mais prazeroso como com mais qualidade.

A partir do segundo ano, de repente, tudo mudou. Os hormônios em ebulição deviam estar tão enlouquecidos, que a faziam pensar em sexo dia e noite.


Virou praticamente uma ninfomaníaca.Não havia nada que aplacasse seu desejo.O marido até estranhava: a mulher estava uma potência sexual!Parecia que tinha voltado à adolescência...Era um fogo, um calor, um desejo tão descabido que não cabia em si. Estava intensa. Ardente. Apaixonada. Era como uma volta no tempo, só que com uma maior consciência do seu corpo, do que gostava, do que era melhor.Um dia, assim como veio, passou. Voltou ao normal. Até ficou pesarosa...Estava tão bom..."
Altos e baixos, assim é a menopausa...dizem que depois dos primeiros anos, isso tudo passa...Espero que sim e que fique a melhor parte: O amor por nós mesmas e a sensação de que podemos ser sensuais, sim, até morrer.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu Me Prometo

Hoje, nesta noite chuvosa
Prometo a mim mesma
Me acarinhar mais
Não deixar de fazer
Pequenos agrados
À minha própria
Pessoa

Hoje, enquanto a chuva
Cai forte lá fora
E o friozinho outonal
Começa a dar os ares
De sua graça
Prometo a mim mesma
Que não deixarei mais
Que faltem flores
Nem que seja eu mesma
A dá-las à mim
E já que me faz tão bem
Vê-las, sentí-las, cheirá-las
Me darei esse prazer

Hoje, ouvindo as gotas que caem
Por detrás da janela onde estou
Penso que a vida é dura demais
E que pequenos gestos
Pequenos milagres
Como algumas rosas numa jarra
Uma caneca com margaridas
Livros à minha volta
Podem fazer toda a diferença
Num dia aparentemente comum

Prometo, a mim mesma
Jamais me esquecer de mim
Jamais deixar que a dor me solape
Me afogue, sufoque
Ou me faça afastar de quem sou
Prometo jamais desistir de meus sonhos
Jamais abrir mão do que amo
Das ínfimas coisas
Aparentemente sem importância
Mas que para mim
São fundamentais
Para que eu exista


Prometo a mim mesma
Me amar acima de tudo
Respeitar meu modo de ser
Me aceitar
Ainda que com meus tantos defeitos
E falhas
E idiossincrasias
Que falte pão em minha mesa
Pois não é mesmo dele
Que me alimento
Mas flores, jamais.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Segunda É Dia De Poesia - A Ladainha

"A cada dia
basta seu fardo"
dizia a mãe à sua filha
E seguia a filha
carregando às costas
o dobro de seu peso
e tamanho
como se o fardo
que carregasse
nada pesasse
perto da dor
de sua sina
perto da
melancólica
desalegria
que trazia
em sua alma
de menina

Viver é tão difícil
dizia a filha à mãe
E seguia a mãe
carregando
no ventre
mais um
minúsculo ser
quase semente
tão levezinho
como algodão
e sorria a mãe
mesmo sem dentes
nada é difícil
perto do amor
que cabe aqui
e afagava
o ventre bojudo
e dilatado
enquanto carregava
também seu fardo

E lá se iam
as duas mulheres
filha e mãe
e a sementinha
seguindo
a trilha
tal formiguinhas
dia após dia
repetindo
sem pensar
a ladainha
que a bisavó
cantara um dia
"A cada dia
basta seu fardo".

Foto daqui



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Coragem

" A coragem não é uma prova
de esforço. A coragem
é uma claridade vinda do inferno
ou do céu
A coragem que salva virá deste azul,
a que mata daquele inferno."   Gonçalo M Tavares - Uma Viagem à Índia 

Escrever, para mim, representa a escolha entre estas duas coragens, a que mata ou a que pode salvar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Segunda É Dia De Poesia - Fugas Possíveis

Fugir
Fugir de tudo
De todos
Deixar o que
não serve
para trás
A insanidade
A mediocridade
A banalidade
dos dias iguais
Fugir das regras
Da obviedade
Da burrice
Da incompreensão
Da mesmice

Queria
Poder fugir
sem olhar
para o que
ficou
olhar só
para a frente
enxergar
o que virá
Falta tão pouco
e eu aqui
a postergar
a abafar
a deixar morrer
o que resta de mim

Cadê coragem?
Fujo
como me é possível
através das palavras
que me levam
onde não posso ir
por elas
vou
aonde não posso estar
A única fuga possível
Fujo
para dentro
de mim mesma
Antes que
a impossibilidade
me sufoque
para sempre.